A nova presidente do Sindicato, Maria dos Navegantes, é funcionária da Guararapes, onde atuava na CIPA. Nesta entrevista, ela diz em qual situação encontrou o Sindicato e explica porque a campanha de sindicalização e a luta pela revisão do atual Acordo Coletivo de Trabalho - ACT estão sendo encaradas como ações prioritárias, neste início de gestão.
Jornal: Como você avaliou o resultado das eleições?
Navegantes: Acredito que a vitória da nossa chapa foi influencia por dois fatores. De um lado, tínhamos uma diretoria inoperante, desacreditada. Essa diretoria manteve o Sindicato completamente afastado dos trabalhadores por muitos anos. Não mantinha qualquer comunicação com a categoria, e estava mais preocupada em atender os interesses dos patrões.
Por outro lado, nós, da oposição, conseguimos formar uma boa chapa. Montamos uma equipe com gente que está no dia-a-dia do chão da fábrica e que se preocupa em defender os interesses dos trabalhadores porque também estão lá, passando pelos mesmos problemas. Acredito que a combinação desses fatores é que levou a categoria a votar maciçamente na oposição.
Jornal: como vocês encontraram o Sindicato?
Navegantes: Nossa diretoria encontrou um Sindicato completamente desaparelhado e sucateado; em estado de abandono. Equipamentos antigos muitos já obsoletos e sem qualquer conservação. O único computador estava quebrado. Além disso, dívidas com o INSS, férias e rescisões de funcionários não pagas. Também encontramos dívidas de água, telefone e energia. Enfim, um sindicato com pouquíssima capacidade de dar conta de suas tarefas que são enormes.
Jornal:E quais foram as primeiras providências tomadas?
Navegantes: Depois da eleição, em 13 de fevereiro, tivemos que passar um período arrumando a casa. Renegociamos dívidas trabalhistas com os funcionários do Sindicato, e ,também entramos em entendimento com CAERN, TELEMAR e COSERN. Quando chegamos aqui, telefone e energia estavam cortados. Tratamos de renegociar essas dívidas e agora estamos nos comunicando com a categoria para deixarmos claro o trabalho realizado neste período.
Jornal: E quais são as prioridades de trabalho daqui pra frente?
Navegantes: Queremos ampliar o número de sindicalizados. Temos cerca de 10 mil trabalhadoras e trabaIhadores empregados no ramo de confecções de roupas no RN, mas apenas 1.500 são sindicalizados. Precisamos de um Sindicato forte, unido e combativo, com pelo menos cinco mil sindicalizados, para podermos demonstrar a nossa força. E a por isso, estaremos lançando em breve uma campanha de sindicalização.
Do ponto de vista político, a nossa prioridade é mobilizar toda essa massa de trabalhadoras e trabalhadores do ramo para a revisão do atual Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). Esse Acordo é um verdadeiro absurdo e foi feito sem considerar os interesses da categoria. É uma verdadeira traição.
Existia um compromisso da diretoria anterior, registrado em .cartório, com diversas testemunhas, inclusive com a participação da Federação e da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria, para que, até o dia da posse, em 21 de maio, todas as ações políticas e administrativas do Sindicato, especialmente o encaminhamento da campanha salarial, tivessem o acompanhamento de uma comissão representativa da diretoria eleita.
Jornal: E o que aconteceu?
Navegantes: A diretoria anterior desrespeitou esse acordo e negociou um Acordo Coletivo isoladamente, sem a participação da nossa diretoria e sem qualquer consulta aos trabalhadores. E nesse Acordo Coletivo muita coisa ficou pior do que já era no ACT 2003/2004. Inclusive, eles assinaram esse Acordo com os patrões com uma validade de 2 anos.
Jornal: E agora?
Navegantes: Agora precisamos nos mobilizar para forçarmos uma revisão dessa negociação, que é vergonhosa. Ela foi um golpe contra os trabalhadores.
Sindicato sem estrutura
Um sindicato é um tipo de associação que reúne trabalhadores interessados em defender melhores condições de trabalho, e de salários. E precisa estar adequadamente aparelhado para desempenhar esse papel. Mas esta não é a realidade do nosso Sindicato.
Apesar de possuir uma sede própria, o Sindicato dos Alfaiates, Costureiras e Trabalhadores do Ramo de Confecção de Roupas do RN vive uma situação de penúria. Ao assumir, a nova diretoria encontrou uma entidade completamente desaparelhada, sem condições de desempenhar o seu papel. O único computador existente, além de ser antigo, estava quebrado. Na mesma situação, o único ar-condicionado e a fotocopiadora. Quem entra em nossa sede sente-se como se estivesse visitando um museu: vitrolas, máquinas de escrever...
Criada assessoria jurídica
O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Confecção de Roupas do Rio Grande do Norte já possui uma assessoria jurídica, em pleno funcionamento, para atender aos seus associados nas questões trabalhistas. O plantão - acontece às quartas-feiras, das 14às 17 horas, na sede do Sindicato, com o Dr. Walter Pereira de Lima.
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