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Sindicato denuncia assédio moral

Written By Unknown on domingo, 3 de outubro de 2010 | 15:51

O Sindicato dos Oficiais Alfaiates, Costureiras e Trabalhadores nas Indústrias de Confecções de Roupas do Estado do Rio Grande do Norte (Sindconfecções) completou no mês passado 65 anos de fundação. Localizado na rua Roberto Kennedy, no bairro das Quintas, a instituição recebe, diariamente, inúmeras denúncias de assédio moral. São 35 mil costureiras no Estado com carteira assinada, outras tantas trabalham na chamada informalidade, porém o que preocupa mesmo a presidente do Sindconfecções, Maria dos Navegantes dos Santos da Silva, 52, que está à frente da instituição há seis anos, é o assédio moral por parte dos supervisores que obrigam as subordinadas a cumprir a meta determinada pelas fábricas. A associação não tem dados estatísticos, mas Navegantes revela que muitos profissionais, com receio de perder o emprego, preferem manter o anonimato e fazer a denúncia por telefone. “O assédio moral causa depressão. É a ameaça de advertência se a meta não for cumprida. Estamos em constante combate a este tipo de ação”. 

Aldair DantasFrancisca Fanilei não fala sobre quanto ganha na informalidade, mas garante que dá para pagar as contas e até sobra dinheiro para um “pé-de-meia”, suficiente para criar e educar os filhosFrancisca Fanilei não fala sobre quanto ganha na informalidade, mas garante que dá para pagar as contas e até sobra dinheiro para um “pé-de-meia”, suficiente para criar e educar os filhos
O outro problema enfrentado pela categoria, além do descaso com os trabalhadores, tem sido a parcela de profissionais que preferem ser informais. No interior do Estado muitas costureiras não possuem a tão sonhada carteira de trabalho assinada. Muitas costureiras preferem exercer a profissão em casa, para manter o sustento dos filhos, a ter que enfrentar o trabalho duro em uma fábrica.

O salário não é convidativo. Uma costureira com carteira assinada ganha mensalmente R$ 516. São oito horas diárias de trabalho e seis dias consecutivos, porém, algumas fábricas garantem uma quantia um pouquinho maior para alguns funcionários e o salário tem um aumento de R$45. As costureiras contam com o auxilio-creche de R$ 50.

Aperta aqui, aperta ali. Faz uma economia de um lado e do outro e dá para sobreviver. Para Navegantes, na profissão, embora gratificante -, “só fica realmente quem gosta ou precisa”, o pior mesmo são os problemas enfrentados pelos profissionais dentro das grandes empresas do RN.

Além da pouca valorização profissional, os empresários não reconhecem a categoria como sendo uma mão de obra importante.

Poucas são as empresas que fornecem plano de saúde ou dentário. O sindicato é quem oferece aos 1.500 associados assessoria jurídica, dentistas, pediatras e ginecologistas.

Uma vitória da classe trabalhadora nos últimos meses foi o atestado médico. Anteriormente, os médicos da empresa abonavam atestados médicos fornecidos por outros profissionais para justificar a ausência do trabalhador.

 “Algumas costureiras apresentam distúrbios mentais (devido a metas que precisam cumprir nas fábricas) e até lesão por esforço repetitivo (LER)”, conta Navegantes.

A presidente do sindicato diz que o momento é de reflexão e tentar melhorar as condições de trabalho dos profissionais.

Questionada sobre os alfaiates do Estado, a sindicalista revela que poucos são os profissionais no RN que ainda trabalham nesse segmento. “Hoje a profissão perdeu peso. Agora são os estilistas que ocuparam a vaga dos antigos alfaiates”.

Para costureira, trabalho informal é rentável

Aos 50 anos ela tem uma disposição de invejar qualquer adolescente. Francisca Fanilei de Souza é costureira desde os 12 anos e nem pensa em parar de trabalhar. A mãe ganhava a vida como costureira e Fanilei abraçou a profissão com garra. Antes de colocar a “mão na massa”, achava que seria professora, mas não teve jeito, a costura está mesmo “no sangue”.

Tudo começou quando Fanilei pediu para a mãe fazer um vestido de alça para ela. A resposta foi negativa. Atrevida e bem à frente do tempo em que vivia,  comprou um tecido estampado (azul e branco), esperou a mãe “liberar a máquina de costura” e colocou em prática o que visualizava todos os dias a mãe fazendo. “A gente só usava vestido de manga. E eu consegui fazer um de alça para mim. Nunca mais parei”.

De bem com a vida, a mulher, que é casada há 26 anos, tem três filhos (26 anos, 25 e 20), noras e um neto.

Fanilei faz parte das costureiras que optaram pelo trabalho informal. É na sua casa, na Vila de Ponta Negra, zona Sul da capital que trabalha há 22 anos desde que deixou a cidade em que nasceu - Barcelona.

E quem não se lembra da antiga máquina Singer com pedal e zig zag? Pois é, exatamente, a máquina de costura que ela usa até hoje. Ela ainda tem a overloque e a primeira de todas as máquinas. Bem velhinha, a máquina fica escondida entre tantos tecidos, num balcão. Mas tem história na memória da vida de Francisca Fanilei.

A costureira, que definidamente ama a profissão, diz que só deixa o trabalho quando tem que fazer o almoço ou o jantar. Ela garante que nem é muito boa de cozinha, a “mão” mesmo é só para a costura.

Entre linhas, agulhas, carretéis e retroses coloridos está a mulher trabalhadora que ajudou o marido a cuidar dos filhos. A educação, a alimentação, a saúde e muito carinho sempre foram prioridade para o casal que queria ver os filhos encaminhados. O sonho foi realizado e todos os filhos estão trabalhando e com possibilidades de um futuro promissor.

O dito popular   “tamanho não é documento” se encaixa direitinho em Fanilei.  A costureira é considerada a melhor profissional de toda a região da Vila de Ponta Negra, Alagamar, Alto de Ponta Negra e adjacências.

Simples, ela prefere não receber elogios. A costureira que já fez muitas noivas felizes, agora  não quer mais produzir os tão trabalhosos vestidos longos, lindos e brancos. “Hoje eu prefiro fazer outros modelos. Blusas, calças e até vestidos (curtos).

Sobre o salário, a profissional prefere não revelar quanto ganha, mas garante que dá para pagar as contas e até sobra dinheiro para um “pé-de-meia”.

Para sair da rotina, Fanilei gosta de estar com a família. “Minha diversão é minha família. Amo todos eles. Marido, filhos, noras, neto, irmãos, mãe, cunhadas, sobrinhos, todos. Sou muito feliz”.

A costureira, que ao ver um modelo de roupa em uma revista transfere para o tecido e faz milimetricamente igual, não se arrepende de nunca ter tido uma carteira assinada. “É ótimo o trabalho informal. Sempre pude estar perto dos meus filhos e de vê-los crescer. Isso é fantástico”.

Fanilei passou muitas noites em claro trabalhando, mas hoje tem o privilégio de fazer o próprio horário.

Questionada sobre a profissão, diz que sempre haverá alguém precisando de uma costureira. “Quem tem vontade de trabalhar. Tem emprego. Tem serviço e tem dinheiro no bolso”.
Fonte: Tribuna do Norte

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